terça-feira, 12 de novembro de 2019

Por vezes, damos por nós comprometidos com verdadeiras encruzilhadas da vida. Sem sabermos muito bem como nem porquê, damos por nós em situações que são verdadeiros becos sem saída. E o que fazer? O que havemos nós de fazer se, afinal, nem todos os caminhos vão dar a Roma e este, sem dúvida alguma, nunca há-de ser capaz de levar-nos a sítio algum?

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Ontem foi dia de fazer um verdadeiro monólogo - always & forever me, myself and I. Se tinha alguém a ouvir-me? Tinha. Se tinha alguém a falar comigo? Não tinha. E foi então que dei por mim a aperceber-me de que talvez tivesse sido preferível ter escrito o que havia acabado de dizer. Assim, pelo menos, poderia ler e reler vezes sem conta. Talvez assim, pelo menos, fosse capaz de interiorizar tudo o que me havia saído pela boca como que se aqui estivesse entalado há mais tempo do que o suposto. E aqui estou eu. De volta àquele que foi o meu cantinho durante tanto tempo. Que para quem está do lado de fora nem meia dúzia de publicações tem. Mas onde mantenho guardados no meu separador favorito - o dos rascunhos - mais de uma centena de textos que foram escritos e reescritos por mim ao longo do tempo desde 2012. E a verdade é que, por muito tempo que passemos sem o fazer, quem gosta, quer e precisa de escrever vai ter sempre como favorito o sítio onde melhor o faz. Este é o meu.

terça-feira, 20 de junho de 2017

Passado pouco tempo, conheci um outro alguém. Um outro alguém que surgiu quando menos procurava. Mas que era tudo aquilo de que, ainda que sem saber, mais precisava. Um outro alguém que me recebeu de braços abertos e acolheu como nunca antes ninguém tinha acolhido. Que não hesitou por um segundo que fosse de todas as vezes em que fui tão sincera quanto possível e lhe disse que estava destruída por dentro. E que não seria fácil. Que seria preciso tempo. E paciência. Muita paciência. Mas, sem dar tão pouco por isso, dei por mim a contar-lhe a minha vida de uma ponta à outra, a ver um nascer-do-sol a cada madrugada que passava e a receber rosas vermelhas. Confiei-lhe os meus maiores medos. E disse-lhe que sentia que estava a quebrar um deles - voltar a apaixonar-me. E foi o que de mais acertado fiz até hoje. Permitir-me ao amor. No início, de pé atrás. Neste momento, com a maior das certezas. Aquele que no início era um outro alguém é neste momento o meu outro eu. O meu repara-corações. O meu limpa-lágrimas. O meu constrói-sorrisos. Aquele que no início era um outro alguém é neste momento a minha esperança. A minha bonança depois da tremenda tempestade em que se encontrava a minha cabeça antes de o conhecer. E que parecia ter vindo para ficar. Aquele que no início era um outro alguém tirou-me das sombras. Ressuscitou-me. Fez-me ver que, afinal, havia vida para além de quem me tinha deixado no chão. E de rastos. Submissa por completo a algo que, pura e simplesmente, não existia. Afinal, o mundo não tinha acabado. E foi tudo tão mais fácil a partir do momento em que me mentalizei de que estava na altura de aceitar que merecia ter alguém assim por perto. Alguém que me abraça com tanta força que de cada vez que o faz me apercebo de que, desde que esteja ali, nunca vou cair. Que aquele é o meu lugar. A minha casa. O meu lar. E eu amo-o. Não como quem ama sem saber tão pouco porquê. Eu sei, e bem. Amo-o por ter feito com que me reencontrasse. Por eu, que estava tão à deriva quanto alguém pode estar, ter deixado de estar perdida. Ao encontrá-lo encontrei-me a mim também. E por isso nem mil obrigadas seriam suficientes. Nem por isso nem por naquela noite, há precisamente um ano, em que nada o fazia prever, ter dado por mim a ser questionada sobre se quereria namorar consigo e, ainda que no momento sem saber muito bem o que o futuro tinha guardado para mim, ter dito que sim. Ainda que mentalizada de que o romance tinha morrido, aceitei. E acabei por aperceber-me de que, afinal, está vivo. Hoje dou-lhe o que tenho e o que não tenho. Por ele, vou até onde for preciso. Em forma de agradecimento. Mas que se desengane quem pensa que o amo como se fosse perdê-lo. Com o tempo aprendi que o amor não se baseia na loucura. Muito menos na paixão. O amor não é para ser vivido como se fosse temporário. Porque, e digam o que disserem, se é amor é para sempre. Ponto final.

terça-feira, 10 de maio de 2016

Olá meu amor. Aliás, olá amor da minha vida. Sei que sabes que dia é hoje, e que ainda te lembras de como tudo começou há dois anos. E como o tempo passa depressa, não é? Parece que foi ontem que te enviei uma mensagem a dizer que havias sido o melhor erro que algum dia havia cometido. E foste mesmo. Na verdade, foste tudo menos um erro. E eu só posso dar graças a Deus por naquela noite, em que tudo o que corria nas minhas veias era álcool, ter cedido à tentação. Ter agido como se nada mais importasse, a não ser nós, e sabe-se lá porquê ter dado por mim a olhar para ti como quem olha para o que de mais bonito alguma vez havia visto. Como se fosse capaz de observar-te para sempre. Mal eu sabia que naquele momento estava a beijar o meu futuro marido e o futuro pai dos meus filhos.. Mas obrigada por isso. Por seres tu. Por teres feito com que me apaixonasse por ti de tal forma que hei-de pertencer-te para sempre. Por sentir-me capaz de gritar aos sete ventos (e com orgulho) que nunca mais hei-de ter olhos para mais ninguém a não ser para a melhor pessoa que algum dia tive o prazer de conhecer. Ainda hoje não sei como o fizeste. Como tornaste possível o que sempre havia sido impossível. Como fizeste com que a pedra de gelo que sempre havia tido no lugar do coração derretesse a cada toque teu. Mas ainda bem que assim foi. Ainda bem que surgiste na minha vida e me fizeste ver que, afinal, há quem valha a pena. E há-de valer sempre. Afinal, o amor existe. E as relações (quase) perfeitas também. Eu nasci para te amar, da mesma maneira que tu nasceste para estar do meu lado. Por isso, hoje dispo-me perante ti. E, para variar, não é a roupa que tiro. Ou que deixo que me tires. Hoje, com o coração nas mãos, faço-te uma vénia e digo-te que não sei como foste capaz de desistir do amor da tua vida mas que te admiro por isso. Por teres abdicado do que de mais genuíno algum dia tiveste o prazer de presenciar. Por teres sido capaz de pôr um ponto final em nós, ainda que a chorar como se o mundo estivesse prestes a acabar. E estava mesmo. Quando dei por mim estava a passar por tudo outra vez.. Dei por mim a, mais uma vez, implorar por amor, carinho e atenção. A, mais uma vez, implorar por algo por que não se implora. A rebaixar-me como se gostar mais de ti do que de mim própria fizesse sentido. E, na altura, parecia fazer. Mas agora, quando dou por mim a pensar em tudo o que fiz por alguém que não queria que fizesse o que quer que fosse por si, não consigo não sentir-me ridícula. Tu quiseste cortar o mal pela raíz. O mal que não era mal algum. E eu só tinha de tê-lo aceite. De ter-me desde logo mentalizado de que o que de melhor algum dia havia tido quer envelhecer do meu lado, mas não ter-me por perto ao longo da sua adolescência. De ter agido como a mulher que sou. E eu tentei. Apesar de saber que jamais seria capaz de aceitá-lo por ter acontecido tão de um momento para o outro, tentei. E, por ti, continuei a tentar. Apenas não o suficiente. Gritei, esperneei e chorei como se não houvesse amanhã. Mas não o fiz sozinha. E isso foi, sem dúvida alguma, o que mais me deixou de coração partido. Não teres sido capaz de olhar-me nos olhos, de cabeça erguida e consciência tranquila, e dizer-me com toda a certeza que querias ficar sem mim. Não teres sido capaz de dizer-me o porquê porque nem tu próprio o sabias. Sofreste (e continuas a sofrer) tanto ou mais do que eu. Mas porquê? Não percebo, nem nunca vou perceber, sabes? Jamais quem quer que fosse poria um ponto final numa relação igual à que tínhamos sem qualquer tipo de motivo. Jamais alguém faria o que fizeste. Jamais quem quer que fosse deixaria o amor da sua vida no estado em que me deixaste. Sem estar em condições de conduzir e, ainda assim, a fazê-lo a toda a hora com o propósito de remediar a situação. E sempre em vão. Sem que estivesse tão pouco à espera, fiquei sem chão. Sem o meu porto de abrigo, o meu melhor amigo.. Fiquei sem aquele que me fazia distinguir o certo do errado. Aquele que me fazia ir ao céu e voltar com tanto sonho que tinha em conjunto comigo e, apesar disso, me mantinha com os pés assentes na terra. Aquele que ambicionava mais para a minha vida do que eu própria. No fundo, quando te encontrei não te procurava. Mas com o tempo descobri em ti tudo aquilo que sempre quis. E de que sempre precisei. Lembro-me como se fosse ontem da primeira vez que te vi. Não te conhecia. Mal sabia quem eras. E, ainda que sem saber como nem porquê, despertaste tudo o que de bom existia dentro de mim. Não devias. E, mais importante do que isso, não podias. Mas aconteceu. E quando finalmente nos conhecemos, sem que eu desse tão pouco por isso, tornou-se impossível não sentir que te conhecia desde sempre. Parecia que tínhamos sido feitos para estar juntos. Era tudo tão natural. Tão como se estivéssemos destinados de tal forma a estar lado a lado que desde que nos tivéssemos um ao outro estava tudo bem. E foi então que percebi. Eu não era eu. Estava apaixonada. Perdida de amor. Cega de paixão. A mulher que não amava ou que, se amasse, não o demonstrava, tinha mudado. Tinha deixado de guardar mundos e fundos para si. Tinha deixado de dizer que não quando o que mais queria era dizer que sim. Tinha deixado a postura de lado, assim como os 19 anos que tinha na altura. Tinha começado a rir por tudo e por nada, a dançar e a cantar no meio da rua, a correr que nem uma louca pela praia a jogar à apanhada e a ter guerras de almofadas. Enquanto aos olhos dos outros (e, inclusive, aos meus) estava irreconhecível, nunca antes tinha sido tão feliz. E eu não percebia porquê. O porquê de correr para os teus braços de cada vez que te via, ainda que não te visse há só e apenas um dia. O porquê de sentir-me a morrer de saudades tuas, ainda que tivesse acabado de sair do pé de ti. Mas obrigada uma vez mais. Por não teres desistido enquanto não ouviste um "amo-te" dito por mim. Por não me teres deixado ir embora quando estava mais assustada do que nunca. Por teres sido capaz de fazer-me perceber que tudo aquilo em que tinha acreditado até então estava errado e que, afinal, não há problema algum em entregar-me de corpo e alma a alguém. Foi contigo que aprendi a amar e a ser amada. A aceitar que é possível estar tudo bem, ainda que sinta que o mundo está prestes a cair em cima de mim. Porque, desde que te tivesse por perto a dar-me a mão e a sussurrar-me ao ouvido que "vai ficar tudo bem", não conseguia não sorrir. Estiveste comigo em alguns dos piores momentos da minha vida. E se não tivesses sido tu não sei o que teria sido de mim. Sempre que me senti a ir abaixo reergueste-me e impediste-me de bater no fundo. Sempre que me senti a ficar sem alternativas foste tu quem as procurou (e encontrou). Até ao momento em que fiquei sem ti. Em que o mundo caiu (e por completo) em cima de mim. Em que voltei a estar tal e qual como me encontraste. Perdida. Na verdade, ainda hoje sinto que ninguém vale a pena a não seres tu. No entanto, e apesar de saber que jamais hei-de encontrar-te num outro alguém, continuo a procurar-te. Acordo numa cama que não a tua e, ainda assim, a primeira coisa que faço ao abrir os olhos é pedir aos céus que voltes. Porque não há quem seja igual a ti. E eu morro de saudades tuas. E a cada dia que passa um pouco mais do que no anterior. Para além de ter perdido o amor da minha vida, perdi também a minha segunda família e o meu segundo grupo de amigos. Perdi o teu pai a dar-me um beijo na testa de cada vez que adormeci no sofá da sala da tua casa. Perdi todas as vezes em que fiquei do lado da tua mãe a discutir contigo por causa de futebol. Perdi os teus almoços e jantares de família em que falava mais do que tu. Perdi todas as vezes em que defendi a tua irmã dessa tua mania da superioridade. Perdi os abraços dos meus segundos avós de quem no início morria de vergonha mas que depressa me deixaram à vontade ao dizer-me o quanto gostavam de mim. Perdi-os a dizer-me que já tinham saudades minhas quando não me viam há somente uma semana e a enviar-me post-its. Perdi toda a minha estabilidade. Todo o meu conforto. Tudo aquilo a que estava habituada, de um momento para o outro, deixou de existir. E eu fui obrigada a conformar-me de que num dia tinha aquilo com que sempre tinha sonhado (e muito mais) nas mãos e no outro, pura e simplesmente, não tinha nada. Nunca antes me havia sentido tão triste. Como é que tu foste capaz de, sem qualquer tipo de aviso, deixar-me sozinha? De pedir-me que te odiasse? Que não te procurasse? E como é que eu pude pensar que quem me tinha deixado em lágrimas era a cura para todos os meus males? Ambos sabemos que, por muito forte que possa parecer, sou tão fraca quanto alguém pode ser. Por muitas vezes que diga que sou à prova de bala, ninguém é feito de ferro. E eu não sou exceção. Procurei ficar bem em quem me tinha deixado ficar mal. E isso foi, sem dúvida alguma, o meu maior erro. Pensar que a qualquer momento tu poderias mudar de ideias e que nesse dia eu teria de estar ali, de braços abertos à tua espera. Que seria capaz de manter a minha vida em standby. De passar os dias à espera de algo que fizesse com que tudo voltasse a fazer sentido. E, até que me apercebesse de que esse "algo" não iria surgir, esperei. E voltei a esperar. Quando só me apetecia desistir, respirava fundo. Quando olhava para ti, não via a pessoa por quem era (e sou) apaixonada e me sentia a enlouquecer, pensava em quando acordámos lado a lado pela última vez. Em quando acordei contigo abraçado a mim a passar os teus dedos por entre o meu cabelo, a dar-me beijinhos na testa e a dizer-me o quanto me amavas, quão certo estavas de que eu era o amor da tua vida e que só poderias ficar comigo para sempre. E é engraçado aperceber-me de que em somente uma semana isso mudou. É engraçado pensar em como num dia estavas a agarrar-me com tanta força quanta a que tens e a agradecer-me por ser tua, e passados sete dias estavas a afastar-me de ti como se te tivesse feito mal algum. Nunca nada me havia feito tanta confusão. Obriguei-me a ver e rever tudo o que tinha relacionado connosco vezes e vezes sem conta com o propósito de manter-me do teu lado, de relembrar-me do porquê de sentir que és (e hás-de ser sempre) tu, ainda que a ouvir a toda a hora para me ir embora. Senti-me a remar contra a maré. Sozinha. Mas não foi por isso que deixei de o fazer. Insisti, persisti e não desisti. Até ao momento em que me apercebi de que estava na altura de escolher entre eu e tu. Até chegar ao momento em que ou me perdia de mim ou te perdia a ti. E, ainda que tenha sido a decisão mais difícil que tive de tomar até hoje, optei por ficar comigo. Por abdicar de quem tinha abdicado de estar do meu lado como se a minha companhia não valesse o que quer que fosse. De alguém que estava (e está) ainda mais à deriva do que eu. Mas, e uma vez mais, obrigada. Fizeste-me ver que há vida para além de ti. Que é possível manter a fotografia de alguém que já não está do meu lado na minha carteira, observá-la todos os dias e, ainda assim, ser capaz de conter as lágrimas. Que é possível adormecer e acordar a olhar para nós em Madrid e sorrir por ter sido capaz de manter com alguém o que tive contigo ao invés de chorar por nos ter perdido. Porque nós éramos (e havemos de ser sempre) o que fomos nas ruas de Espanha. Os beijos roubados. Os abraços apertados. O andar de mão dada. A cumplicidade e a tranquilidade. O descanso e o conforto. A prova viva de que existem, de facto, almas gémeas. O "nascemos para isto". Se me tivessem dito que algum dia ficaria sem ti, teria dito que era capaz de pôr as mãos no fogo em como jamais iria viver sem alguém que me fazia tão bem. Que éramos (e somos) o amor da vida um do outro. E que isso por si só seria suficiente para fazer-nos ficar. É mentira. Não sei porquê e nada me entristece tanto quanto pensar no nosso fim descabido mas, por um qualquer motivo que me é desconhecido, o facto de gostarmos tanto quanto gostamos um do outro não foi (e continua a não ser) suficiente. Nada disto faz sentido. Nem para mim, nem para quem nos conheceu lado a lado. E só eu sei a quantidade de vezes que quem sempre nos rodeou me disse que, a partir do momento em que nós não estávamos juntos, era porque o amor não existia. Só eu sei a quantidade de vezes que me lembro de ti, toco no teu nome e falo sobre nós. E é com tanto orgulho quanto possível que digo que parte de mim há-de sempre pertencer-te, da mesma maneira que parte de ti há-de sempre pertencer-me. Que me sinto amada por alguém que é incapaz de dirigir-me a palavra ou deixar-se ver por mim. Que pensar em ti me deixa de coração cheio e a transbordar de carinho. Tu és o que de melhor algum dia tive. E eu só te peço que te vejas como te vejo. Que não te percas. Que te valorizes. Que não deixes de ser quem és. Para que quando voltarmos a pertencermo-nos seja capaz de reconhecer-te. De olhar para ti e ver o homem por quem sou (e hei-de ser sempre) apaixonada. Que me deixa perdida de amor e cega de paixão. Porque a única certeza que tenho neste momento em relação a nós é a de que isto não acaba aqui. Porque não pode acabar. Havemos de reencontrarmo-nos. Por isso, até um dia meu amor. Aliás, até um dia amor da minha vida.